QUE CAMINHO ESCOLHER
Ontem Pedro Leopoldo completou 91 anos. Como será a cidade daqui a 9 anos, quando completará seu primeiro centenário?
Observando os desafios que enfrentamos hoje, um dos cenários é, sem dúvida, catastrófico. Uma cidade sem segurança pública, pouco arborizada, e produzindo cada vez mais lixo. Na paisagem, muita poluição do ar, mais asfalto e concreto, ponte que leva a lugar nenhum, péssimas calçadas, inexistência de parques e ciclovias para os muitos ciclistas da cidade que já foi a cidade das bicicletas poderem transitar em segurança e sem poluir.
E as pessoas, claro, cada vez mais imobilizadas e trancadas: em casas e apartamentos , no carro, no trabalho, no shopping. Como em um filme de ficção, será um salve-se quem puder.
Mas também é possível vislumbrar um cenário otimista onde, na comemoração dos 100 anos de Pedro Leopoldo, podemos ter uma cidade em que o espaço público seja o elemento estruturador, que contará com uma rede de transporte coletivo de alta qualidade, com múltiplos modais, garantindo total liberdade de ir e vir para toda a população... Os espaços privados individuais talvez se tornem ainda menores, mas estarão disponíveis para todos, e a oferta e a qualidade do espaço público e sua utilização democrática serão máximas.
Além disso, graças à recuperação dos mananciais da cidade e da mudança no modelo de gestão e consumo da água, todos os pedroleopoldenses, poderão usufruir desse recurso. A produção de lixo também será mínima, tanto pela alta capacidade de reciclagem e reaproveitamento quanto pela diminuição do consumo.
Mas o que separa a catástrofe da utopia? Não tenho dúvidas de que a inércia pode nos levar à catástrofe. Deixar tudo como está, não enfrentar os desafios que já estão colocados hoje, não promover as mudanças necessárias pode significar que estamos construindo para as próximas gerações uma cidade completamente inóspita.
A utopia, por sua vez, não deve ser entendida como algo impossível. A construção diária da utopia é o que pode nos levar a uma guinada. Mas apenas isso não é suficiente.Outra dimensão fundamental é a da mudança cultural, e esta, me parece, já começou a acontecer.
São muitos os movimentos em Pedro Leopoldo hoje que reclamam maior participação nas definições e decisões de políticas públicas para a cidade, que atuam nos bairros, que reivindicam moradia adequada, áreas públicas, mais praças, parques, ciclovias e espaços culturais. Que não aguentam mais o desconforto, a desigualdade e a violência no trânsito e por isso cobram mais eficiência e qualidade no transporte público, mais e melhores espaços para ciclistas e pedestres.
Fortalecer essa cultura na construção da utopia, hoje, é o melhor presente que temos a dar para a Pedro Leopoldo do futuro.
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