quinta-feira, 14 de junho de 2018

#124 - A NECESSIDADE EVIDENTE DE SE OUVIR AS PESSOAS.

As cidades estão deixando de expressar a personalidade de quem vive nelas – porque  não se discute com a população.
Engajar a população nos projetos é muito mais do que apenas informá-la, mais do que informar, é preciso engajar. Uma confusão comum mundo afora é imaginar que informar é a mesma coisa que engajar ou, ainda, que a simples informação é capaz de criar o complexo senso de pertencimento
De uma forma bastante simplificada, podemos dizer que ninguém sabe melhor o que quer para sua vida do que os próprios envolvidos, nesse caso, a comunidade   

Pouco provavelmente algum urbanista vai conseguir decidir sozinho, ou mesmo em grupo, no conforto do escritório, vários quilômetros  distante, o que é melhor para as pessoas que moram/usam/visitam o lugar em questão
De uma forma mais clara, podemos dizer que existe dois tipos de processo mais comuns: aquele claramente top-down,(de cima para baixo) onde não se pretende nenhum tipo de relação com a comunidade, no melhor estilo “Nós sabemos o que é melhor para vocês”. Depois temos o modelo onde se faz o que “se quer” e depois submete-se a uma audiência pública, com ferramentas de interface precárias, e com nenhuma disposição para ouvir opiniões contrárias, que na verdade não passa de um “Nós sabemos o que é melhor para vocês” disfarçado de participação. Uma ideia compartilhada internacionalmente é que um cidadão só se sente engajado quando tem a certeza de que sua ideia, mesmo não escolhida, será levada em conta. Qualquer coisa diferente disso é tudo, menos colaboração.
Engajar a comunidade é uma mudança de mindset.(mentalidade) É preciso despir-se do ego, da vaidade. Esse novo mindset, compreende que o conhecimento é coletivo, compartilhado, construído mais das diferenças do que das semelhanças.
Começa-se com uma visão, que lugar queremos. Essa visão, compartilhada e cocriada, deve ser alimentada por diferentes plataformas, digitais e físicas, compreensíveis para a população. Afinal, deseja-se de fato saber o que as pessoas pensam. Essa visão compartilhada é feita antes de qualquer masterplan ou projeto, ela é o argumento inicial, resultado da investigação dos panoramas afetivos e simbólicos do lugar. Ou seja, ao invés de planilhas, teremos elementos representativos de caráter humano, de números para ideias, ou pelo menos ideias que venham antes dos números e dos desenhos: ideias coletivas.
Este post foi escrito por Caio Esteves.  e adaptado por Paulo P. Netto.
Caio é arquiteto e urbanista, pós- graduado em branding. Fundador da Places for Us.

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