As cidades hoje abrigam a maior parte da população mundial,
e crescem em um ritmo vertiginoso e pena que de forma desordenada, sem
considerar aspectos ambientais e sociais, e ainda estão sofrendo o aumento dos
impactos das mudanças climáticas no mundo. Este é um quadro que se mostra
próximo da catástrofe.
A cidade sustentável é aquela que minimiza os impactos
ambientais e sociais negativos e prioriza a vida do cidadão. Hoje, poucas
cidades de países em desenvolvimento como o Brasil, e tampouco os cidadãos, tem
consciência da necessidade urgente de reduzir os impactos negativos, e de focar
o processo de urbanização para a saúde e bem estar das pessoas. Nossas cidades
são, na verdade, insustentáveis. Seu crescimento é agressivo e insalubre, e é
inclusive parte da causa de certas doenças nos habitantes.
Sabemos que as doenças tem parte de suas causas na forma
como o meio físico ao redor as afeta. Ou seja, os problemas socioambientais
urbanos atuais, como poluição, violência, condições precárias de moradia, entre
outras, interferem, e muito, na saúde humana.
O que acontece é um processo de urbanização acelerado,
desordenado e insalubre e, sem planejamento, que prioriza o crescimento e o
lucro e dá menos importância (ou não dá) às pessoas e ao meio ambiente. Então
tudo é feito com o objetivo de lucro e crescimento a qualquer custo.
Exemplos dessa conduta são:
•Incentivos e facilidades para a compra de mais e mais
carros, mesmo com o atual quadro do trânsito nas grandes, médias e pequenas
cidades.
•Especulação imobiliária.
•Construção de prédios residenciais, comerciais e
estacionamentos ao invés de priorizar áreas verdes ou outros espaços de
interesse coletivo.
•Priorizar o individual ao invés do coletivo.
•Cidades formatadas para carros, que dificultam o trânsito
de pedestres e bicicletas, e criam riscos para eles.
•Injustiça social e ambiental
E Quais são os impactos desse modelo de crescimento para os
cidadãos?
•Aumento da pobreza urbana,
•Poluição do ar e sonora,
•Violência,
•Falta de descanso, falta de opções e tempo para lazer,
•Problemas de saúde, como stress e suas consequências,
•Doenças respiratórias e outras doenças oriundas dos
impactos ambientais,
•Degradação dos recursos naturais e impactos na saúde e bem
estar, como desabastecimento de água, poluição de corpos hídricos, desmatamento
e suas consequências climáticas, etc,
•Desastres naturais e impactos na saúde e vida humana.
Além de sofrer as consequências deste processo degradante,
as pessoas são vítimas de suas próprias ações insustentáveis, tais como: o
excesso de utilização do carro e os consequentes congestionamentos, a não
preferência pelo etanol por razões estritamente econômicas, a separação falha
dos resíduos orgânicos e recicláveis que acontece já em casa, a violência no
trânsito, o excesso de ruído, e também a falta de exigência do cumprimento de
leis que poderiam priorizar os cidadãos.
Mas porque isso
acontece?
As pessoas não querem viver em uma cidade onde tenham bem
estar e saúde? E o que é afinal, sustentabilidade urbana?
Sim, as pessoas querem bem estar e saúde. Porém, existem
dois grandes problemas a serem superados. O primeiro, é que existem hábitos
muito arraigados na cultura brasileira, e em outros países em desenvolvimento.
A cultura da sustentabilidade ainda não está presente na
mente dos cidadãos como uma necessidade. Hábitos e comportamentos como o
desperdício, o alto padrão de consumo, a discriminação, a segregação social e o
individualismo, contribuem para agravar a situação das cidades, pois alimentam
e perpetuam comportamentos agressivos às pessoas e ao meio. E dificilmente as
pessoas fazem conexões do tipo, esta minha ação vai afetar algo ou alguém?
Como?
Por fim, a ausência de planejamento traz toda essa reação em
cadeia.
O segundo problema é a falta de disseminação de informação
e/ou dificuldades de acesso à informação confiável. A compreensão da situação
socioambiental hoje é a chave para o aprendizado de novos conceitos e
implementação de novos hábitos e cultura.
Entretanto, há dificuldades na compreensão dessa situação
devido aos maus hábitos e a precariedade das informações, e por consequência,
há uma resistência para aceitar fatos como a obrigatoriedade de se separar o
lixo corretamente, economizar água e energia, ou usar menos o carro. Ou mesmo,
há a ignorância desses fatos. Muitas pessoas ignoram a necessidade destes
fatos, então como aceitá-los se os mesmos são ignorados por boa parte da
população? Aí está a causa da informação precária à população,
principalmente a de menos cultura.
Texto de:
Carolina Carvalho. Quem é Carolina Carvalho?
Carolina
Carvalho é pesquisadora na área de sustentabilidade e tem a missão de trazer e difundir
conceitos de sustentabilidade urbana para interessados no tema, ajudando-os a
aprender, se atualizar e a implementar tais conceitos e boas práticas no dia a
dia, no trabalho e na cidade onde vivem.
É geóloga de
formação, fez mestrado em Sensoriamento Remoto no INPE, com a intenção de
aprofundar no estudo desta ferramenta tão importante nas análises de meio
ambiente e sustentabilidade
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