Estudantes do jardim de infância na década 1980 todas as manhãs partiam para a escolinha. Iriam juntar-se à dezenas de outras crianças do bairro sobre a migração para a escola.
Eles andavam
a pé - ou de bicicleta - porque era a coisa óbvia a fazer.
Uma geração mais tarde, isto parece pura nostalgia. De acordo com pesquisas, a percentagem de estudantes de 11 a 13 anos que caminham para a escola hoje, diminuiu pela metade entre 1988 e 2018, enquanto que, o número de crianças que são conduzidas em carros quase triplicou. Uma organização nacional sem fins lucrativos estima que apenas 20% das crianças em idade escolar agora caminha ou anda de bicicleta até a escola. Os carros se tornaram o principal modo de transporte escolar.
No mínimo, é
uma imposição da lógica adulta - aos
recém-chegados ao mundo, que estão muito mais interessados nas poças dágua,
pessoas, plantas, animais e praticamente tudo o mais que existe no meio do
caminho de casa até a escola.
Mas a decisão
em massa de ir à escola também é um problema. Diminui a funcionalidade das
nossas cidades, a qualidade do ar e a nossa pretensão de levar a sério as
alterações climáticas. É, em termos muito reais, ruim para nossos filhos.
O declínio no
andar a pé e de bicicleta, levou a uma florescência de pesquisas que
correlacionam a caminhada ou o ciclismo à escola com tudo, desde melhor atenção,
saúde mental, competência social e aptidão física. Como os nossos avós nos diziam:
É bom começar o dia com um pouco de ar fresco e exercício físico. No entanto,
optamos por conduzir. Por quê?
Uma pesquisa nacional
de 2015, de prevenção de lesões, revelou que a principal preocupação dos pais
com as crianças que caminham para a escola era a velocidade dos carros, o trânsito
e o rapto.
Essas
preocupações, são questionáveis. Em termos puramente estatísticos, uma criança
tem mais de quatro vezes mais probabilidade de morrer numa colisão do que de
ser raptada por um estranho. E ao dirigir para a escola, os pais estão apenas
contribuindo para o congestionamento e os perigos reais das ruas. Os pais
consideram o tráfego como um problema gerado por outros.
Estão sendo executados projetos-modelo em todo o país - em parceria com autoridades de saúde pública, municípios, conselhos escolares e polícia para desenvolver estratégias para inverter a maré. Esse tipo de abordagem coordenada é essencial. E a Secretaria Municipal de Educação de nossa cidade, tem que participar disto também.
Mas, embora a infraestrutura para pedestres seja crítica, o obstáculo mais obstinado para caminhar até a escola pode ser os próprios motoristas. Levar as crianças à escola é parte de um quadro mais amplo, no qual uma geração de pais priorizou a estrutura e a supervisão na vida de seus filhos em detrimento da liberdade e da independência. Nós nos convencemos - e nossos filhos - de que eles estão melhor em uma bolha sobre rodas do que arriscar quaisquer variáveis que o mundo exterior possa lançar sobre eles.
Os resultados
têm sido; crianças de 5 a 12 anos passam uma média diária de três horas em
telas, enquanto apenas duas em cada cinco recebem a hora recomendada de
atividade física diária. Um terço dos pais entrevistados citou a falta de
"maturidade" de seus filhos como justificativa para levá-los à
escola.
Maturidade
pode ser promovida, mas não no banco de trás de um carro. Pois há pais que optam
por conduzir os seus filhos até à escola - muitas vezes a uma distância
inferior a 600 metros.
De quem é
esse fracasso realmente? - É importante
lembrar que certos subconjuntos de crianças literalmente não têm escolha a não
ser serem conduzidas: crianças com deficiência, ou frequentando programas
especializados longe de casa, ou saltando entre pais separados que vivem fora
da área de influência da escola.
As escolas
devem reconsiderar programas como o da Alemanha, que levou algumas escolas a
criar uma zona livre de carros de 450 metros ao seu redor, impulsionando as
crianças que são levadas à escola para caminhar no último trecho.
Precisamos defender o design urbano
inclusivo.
Outro projeto
de demonstração para dar às comunidades uma noção do que é possível fazer. A
rua em frente a uma escola será fechada para todo o tráfego veicular durante as
horas de entrega e coleta, seguindo um modelo de Ruas de Escola desenvolvido na
Grã-Bretanha.
Estamos tão
acostumados a que as coisas sejam de certa forma, que aceitamos sem
questionamento. Precisamos aumentar as expectativas. Precisamos ser lembrados
dos benefícios de um mundo menos movido a carros.
Chegar lá
exigirá um esforço por parte da cidade, escolas e pais. Se deixarmos de tratar
os nossos filhos como uma preciosa carga nos bancos traseiros, dar-lhes-emos a
oportunidade de serem participantes ativos no seu mundo - e de tornarem esse
mundo um lugar mais habitável e animado.
Obrigado, e até o próximo.
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