segunda-feira, 25 de novembro de 2013

36 - REFLEXÃO (II) - Pais e filhos juntos no pedal

Pais que pedalam com seus filhos ajudam a construir um mundo melhor

Artigo publicado na Revista da bicicleta em 13/08/13
Pais que pedalam com seus filhos ajudam a construir um mundo melhor


Além de compartilhar os inúmeros benefícios que a bike traz para o corpo e para a mente, quem aproveita o tempo livre para andar de bicicleta ao lado de seus filhos (ou pais) também pode contar com toda a segurança, apoio e carinho. Pais e filhos que andam de bicicleta juntos, aproveitam lado a lado as lições de vida que a bicicleta proporciona, sem falar que também colaboram para um planeta menos poluído.
Antonio Carlos Nogueira Filho, pai de Maria Beatriz (16), Maria Anttonia (13) e Maria Isabel (11) conta que sempre incentivou suas filhas a pedalarem. “A bicicleta é uma forma de nos aproximarmos e fugirmos da rotina. É o momento que encontramos para nos curtir, ficar juntos e dividir nossas histórias, nossas rotinas, ter momentos únicos. Compartilhar a vida como pai e filhas”, conta o líder da família, que promove passeios ciclísticos nos finais de semana e trilhas nas férias, além de sempre incentivar as crianças a não usarem veículos motorizados.

 Os pais que pedalam ao lado de seus filhos também percebem que a bike agrega experiências que nem sempre conseguem ser passadas dentro de casa. “A bicicleta leva minhas filhas ao ambiente externo, fazendo com que tenham contato com outras pessoas e diferentes realidades. Elas sabem trocar pneu, conseguem sair sozinhas”, orgulha-se. “A principal lição que o pedal nos traz, sempre, é que precisamos cada vez mais uns dos outros”, completa Nogueira.
O paizão também conta que organizar sua equipe de ciclistas nem sempre é tarefa fácil, mas que a preparação para os passeios costuma ser bem animadora: eles acordam cedo, almoçam juntos e encaram os desafios lado a lado.

Além disso, Antonio diz que a bicicleta ajuda até mesmo quando há desentendimentos em casa. “Nossa família é muito parceira e muito unida. Mas, com certeza, um pedal é uma boa desculpa pra fazer as pazes. É mais fácil ficar bem e fazer as pazes num pedal, numa trilha, vendo o por do sol, do que chamando num canto pra conversar”, finaliza Nogueira.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

35 - REFLEXÃO ( I ) - A Aceitação da Bicicleta como Meio de Transporte.

Atualmente, uma das questões que mais preocupam especialistas e governos é o tráfego e o aumento da motorização da população urbana. Suas consequências para a sociedade, a saúde humana e o meio ambiente ocorrem não só em níveis locais,mas também regionais e globais.
Enquanto construirmos cidades para mover carros em vez de pessoas, haverá desigualdade e dificuldade de acesso. Com milhões de cidadãos desperdiçando várias horas por dia no transporte público deficiente é impossível para as cidades desenvolvidas realizar o seu potencial econômico, até que consigamos  construir cidades para que todos os cidadãos possam andar de bicicleta, caminhar ou andar de ônibus com facilidade.

Entretanto, o que vemos no Brasil é o constante incentivo do governo federal, estadual e municipal à implementação da indústria automobilística no país, bem como das instituições financeiras, que cada vez mais facilitam a aquisição de um veículo motorizado, com a concessão de crédito a taxas de juros cada vez menores, para as classes populares.

A poluição sonora e do ar, por emissão de gases e ruídos, compromete a qualidade de vida das pessoas que se deslocam no meio urbano. O tráfego intenso de veículos motorizados, além do prejuízo dos congestionamentos, pode causar males físicos e psicológicos em motoristas e passageiros, sem contar o número de acidentes que vitimam milhares de pessoas todos os dias.

De acordo com dados do Denatran, a frota de veículos em Pedro Leopoldo, para o mês de julho do ano de 2013, era de 26.202 veículos, o que seria o equivalente a um auto veículo a cada 2,3 habitantes .

De acordo com os princípios que norteiam a mobilidade urbana Sustentável as cidades devem estimular, em ordem de prioridade, a seguinte sequência de circulação: pedestres, propulsão humana(bicicleta, patins, patinete, skate), transportes coletivos, caronas e, por último, o uso de veículos particulares. 

O uso da bicicleta, além de aumentar o contato com o meio que nos rodeia, com a paisagem observada, assume outra dimensão, proporcionando, inclusive, maior integração social. Andar de bicicleta pode também ser um estimulo a atingir objetivos, a superar obstáculos. Um percurso mais longo, uma trilha ou uma ladeira, trajetos muito esburacados, tudo isso nos incentiva a reconhecer e ultrapassar limites. (A bicicleta ajudando no psicológico do usuário).

Para chegar a  compreensão e aceitação da bicicleta como meio de transporte, é preciso que a sociedade passe por uma revisão profunda de valores. Com a bicicleta, talvez aprendamos a fazer tudo que já fazemos, com mais calma e com mais solidariedade com o espaço que o outro ocupa. 

Permitir-se entrar em contato com outras pessoas, promove a riqueza dos vínculos sociais, dos quais nós, seres humanos, dependemos profundamente.

O Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta tem por objetivo estimular os governos Municipais, Estaduais e do Distrito Federal a desenvolver e aperfeiçoar ações que favoreçam  o uso mais seguro da bicicleta como meio de transporte, pela construção de ciclovias e ciclofaixas, e da inclusão do conceito de vias cicláveis, que consistem em vias de tráfego compartilhado adaptadas ao uso seguro da bicicleta.



 A inclusão da bicicleta como modalidade de transporte regular no conceito de Mobilidade Urbana Sustentável, além de representar redução de custos para o cidadão, torna a cidade mais próxima do conceito de Cidade Sustentável.

Portanto uma cidade sustentável deve ser organizada de modo a proporcionar a todos os seus cidadãos satisfação de suas necessidades, visando a busca de seu bem estar, sem prejudicar o meio natural e sem colocar em risco a vida de outras pessoas.

Infelizmente, os investimentos na infraestrutura de trânsito e transporte nas cidades ainda privilegiam os veículos motorizados, e são empregados na construção de mais ruas, avenidas, estacionamentos etc, com destruição de parques, praças, áreas verdes, para que o desenho das cidades passe a ser em função da melhor utilização dos veículos motorizados e não em favor das pessoas que lá vivem.

Temos que estimular o diálogo, quanto ao uso de alternativas para a melhoria da mobilidade urbana sustentável de nossa cidade onde a prioridade deverá ser para as pessoas e como já dito anteriormente, para o transporte público e  para os não poluentes.

Grato a todos mais uma vez pela paciência em ler os  posts.
Gratíssimo a ti Pai, por mais uma ideia.
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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

34 - Para reflexão: Sob o império do automóvel, súdito do deus Circulação

Em São Paulo,(aqui em Pedro Leopoldo) e em todas as cidades brasileiras, sobrados cedem lugar a edifícios. Em cada novo apartamento, dois novos carros. Uma conta rápida e temos o caos, constata Benedito Lima de Toledo, professor titular da Faculdade de arquitetura e Urbanismo da USP e autor, entre outros, desse artigo:
“O urbanismo é a arte de satisfazer as funções vitais do homem assegurando uma comunicação satisfatória entre essas funções e os próprios homens". Devemos a definição a Bernard Oudin, de seu livro Plaidoyer pour la Ville(1972).
O mesmo autor observa que não há necessariamente relação entre largura das vias e largura de visão. É um tributo pago ao deus Circulação.
Entre nós prevaleceu o conceito de que grandes administradores são homens que abrem grandes avenidas, ou alargam as existentes com sacrifício das calçadas reservadas aos pedestres.
São homens tidos como de visão pela simplória iniciativa de tamponar rios, privando a cidade desse valioso patrimônio paisagístico.
Locais que “contam o passado ao presente” e marcos arquitetônicos são apresentados como testemunhas do atraso. Um estacionamento certamente representará maior rentabilidade, afinal o carro é súdito do deus Circulação.
Algumas empresas chegam a exigir que seus funcionários graduados utilizem carros dos últimos modelos. Manobristas de alguns restaurantes evitam estacionar à porta carros mais antigos ou mal conservados de seus clientes.
Não é possível assistir a um noticiário de televisão que não seja interrompido, quatro ou cinco vezes, para apresentação dos últimos modelos de carros potentes vistos circulando em velocidade por estradas vazias, deixando para trás folhas secas esvoaçantes de plátanos. 
Que tal mostrar o mesmo veículo em um desses congestionamentos quilométricos de fim de tarde? Seria, então, possível constatar que toda essa potência a ser utilizada no transporte individual é impotente no trânsito.
O fenômeno gera frustração, estresse e comportamento agressivo, na premissa de que o cidadão que se sentou no carro deixou a educação em casa.
A música no trânsito foi utilizada por Gershwin em seu Um Americano em Paris, com o som claro de buzinas. Muito diversas são as buzinadas dos neuróticos que imaginam poder, com esse expediente, empurrar o trânsito auxiliados pelo som de um enxame de motoqueiros.
As perspectivas nesse quadro são preocupantes. O número de carros que ingressa no trânsito não encontra correspondência nos que são retirados de circulação. Os carros velhos passam a ser utilizados como veículos de carga pelos pedreiros, encanadores, pintores e seus familiares aos domingos.
A especulação imobiliária é outro grande agente desse desequilíbrio. Ruas ocupadas por residências unifamiliares vêem seus sobrados ceder lugar a edifícios. Como cada novo apartamento contará com dois carros, é só fazer a conta para verificar por que as ruas ficam sufocadas com edifícios regurgitando veículos.
Em ruas onde há comércio, somente a “seus clientes” é permitido estacionar entre as faixas demarcadas no solo. Os pedestres que se danem pelas sarjetas, disputando lugar com os motoqueiros (e ciclistas no caso particular de Pedro Leopoldo).
Como se vê, urge a retomada da cidade por seus legítimos donos: os cidadãos. O grau de civilização de um povo pode ser medido pela liberdade com que as pessoas podem desenvolver suas potencialidades, por tudo que as cidades lhes têm a oferecer. A urbs é o local de convívio, do encontro em lugares públicos onde as crianças podem se beneficiar da boa insolação que não contam em seus apartamentos.
Keneth Frampton lembra que a palavra edifício nos remete ao verbo edificar, que não significa apenas construir, mas, igualmente, educar, estabelecer, fortificar, instruir. Da mesma forma, podemos acrescentar, a palavra urbanidade carrega muito mais riqueza do que aparenta.
As relações dos veículos motorizados com as cidades referidas como históricas (por acaso há alguma cidade fora da história?) podem ser catastróficas, a exemplo do que vem ocorrendo com aquelas conhecidas como do “ciclo do ouro”.
São cidades erigidas a partir de riachos onde se bateava ouro, e que foram se expandindo. Não conheceram traçado regulador em sua origem e se desenvolveram escalando morros. As ladeiras são traço marcante em sua estrutura. O visitante perceberia melhor o assentamento urbano, as serras, os riachos, se circulasse como os garimpeiros do século 18, a saber, a pé ou no lombo da mula. É outro ritmo, outra escala. O ruído das ferraduras das mulas no piso empedrado, ou o ruído solitário da água da fonte na noite silenciosa são insubstituíveis.
Mas, ao circular de carro com seu ar condicionado ligado, privado de todo contato com o ambiente pela blindagem dos vidros ou pela luz filtrada dos bloqueadores solares, tudo se reduz à preocupação com as manobras em ladeiras sinuosas, fato que está na origem de danos a monumentos como chafarizes e pontes.
Em algumas das antigas aldeias de Portugal, proíbe-se a entrada de veículos. Monsaraz e Óbidos são bons exemplos. Há estacionamento fora dos muros à disposição dos visitantes. Desfruta-se de uma tranqüilidade ao se transitar pelas ruas e vielas e ao se sentar ao fim da tarde para um copo de vinho a acompanhar um prato de borrego.


Grato aos que mais uma vez dedicaram uma parte do seu tempo para a leitura de mais um artigo.
Grato a ti Senhor também por mais esta oportunidade que me destes de trazer esse artigo à apreciação dos leitores para uma reflexão. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

33 - A Bicicleta e as Cidades

Como Inserir a bicicleta na política de mobilidade urbana?


A bicicleta é um meio de transporte viável, capaz de interagir eficientemente com todas as outras formas de mobilidade urbana, além de proporcionar a melhoria do meio ambiente e ajudar a promover a inclusão social.

A mudança dos padrões de deslocamento dos habitantes através do uso de meios de transporte não motorizados é crucial para a construção de centros urbanos com padrões de qualidade de vida mais elevados.

Um plano cicloviário é essencial para fundamentar uma política pró-bicicleta e compreende um processo de planejamento, implantação e gestão de um sistema cicloviário.
Ele permite a criação de uma infraestrutura eficiente e de alta qualidade para a população das cidades, que ofereça conforto e segurança para ciclistas e pedestres, além de estimular, por meio de investimentos públicos e ações concretas, uma mudança cultural relativa ao modo de apropriação e uso do espaço urbano, tornando-o mais humano e sustentável.

Um sistema eficiente de mobilidade é fundamental para a vitalidade econômica dos centros urbanos, pois tem impactos positivos nas finanças e gastos públicos, no meio ambiente, na saúde e no bem estar das pessoas.
Além disso, a bicicleta contribui para a revitalização dos centros degradados.

Recentemente, planejadores urbanos perceberam que a bicicleta permite o deslocamento porta a porta com uma eficiência superior à do automóvel e, por isso, passaram a lhe dar maior prioridade em seus projetos viários.

Os motivos que levam uma cidade a implementar um planejamento cicloviário são diversos, mas as consequências são as mesmas: maior facilidade de locomoção, redução dos níveis de poluição sonora e atmosférica, melhoria da saúde pública e diminuição do  custo e tempo dos deslocamentos urbanos.

Pedro Leopoldo, com a sua topografia central privilegiada e com a cultura da bicicleta já implantada há anos, não pode deixar de ficar atenta a essa oportunidade que temos de evitar a transformação da cidade em um caos permanente e indisoluvel.
Arquivo: Geraldo leão


Grato por mais esse, Pai.
Fonte de consulta: Instituto de Energia e Meio Ambiente.