sexta-feira, 24 de julho de 2015

# 89 SABEDORIA SOBRE DUAS RODAS



Por que será que encontramos tantas pessoas de idade avançada usando bicicletas? A bicicleta não contrasta com a terceira idade?
A bicicleta é um veículo mais antigo do que o carro e a motocicleta, os dois principais tipos de veículos motorizados que hoje dominam as ruas de nossas cidades. Depois do barco a remo, a bicicleta é a ferramenta mais antiga da história da humanidade para transportar a si mesmo usando as próprias forças.
Mas apesar de ser antiga, apesar do aparecimento de tecnologias para dispensar o uso dos músculos, apesar da depreciação ideológica sofrida nas últimas décadas, apesar de ser perigoso utilizá-la em muitas vias públicas, a bicicleta continua sendo usada pelos seres humanos, inclusive por anciãos.

Parece óbvio que isso só acontece porque a bicicleta é um veículo não apenas útil, mas, em muitos casos, vantajoso. E, para referendar isso, devemos lembrar que estamos tratando, aqui, de pessoas experientes, de pessoas que avaliam e tomam decisões.
Algumas delas possuem outros meios de transporte – têm carro ou dispõem de transporte coletivo -, mas optam por pedalar, pelo menos de vez em quando. Já outras não podem contar com nada mais além dela – e, neste caso, podemos dizer: que bom que podem contar com ela para não ficarem confinadas em casa!
Seja por opção ou por necessidade, a bicicleta serve adequadamente aos indivíduos, sem provocar efeitos colaterais para a vida comunitária. Desde sua invenção, é um meio virtuoso para fazer exercícios físicos, para gastar energia, para movimentar-se, para romper o sedentarismo, atividades unanimemente consideradas necessárias para quem se aposenta. Desde que se popularizou, é um meio eficaz de transportar-se e de transportar coisas, de acessar todos os cantos da cidade, de cumprir as funções sociais, funções que mesmo os vovôs e vovós possuem.
Muitos idosos ainda se propõem a mais. É cada vez mais comum a participação de pessoas com mais de 60 anos nos grupos de pedalada e até praticando o cicloturismo. As pedaladas em grupo são geralmente longas (em comparação com os deslocamentos corriqueiros), não raro ultrapassando 20 km, em ritmo mais intenso que os de passeio e de transporte, mas mesmo assim são cumpridas com tranquilidade até por sexagenários. O cicloturismo também não é exatamente uma moleza — as viagens podem durar até vários dias, incluindo trajetos com morros e estradas de terra, mas tais desafios são estimulantes para os vividos.
Infraestrutura de qualidade, acalmamento do trânsito e educação para a humanização do trânsito não são luxos dispensáveis. São demonstrações de respeito àqueles que chegaram onde todos nós chegaremos, ou queremos chegar.
Fonte: Revista Bicicleta
Autor: André Geraldo Soares