segunda-feira, 27 de novembro de 2017

#119 - O passado, o presente e o futuro da Mobilidade em PL.

O uso da bicicleta na cidade de Pedro Leopoldo foi bastante difundido desde o início do município, devido ao fato do terreno ser plano no centro da cidade, o que favoreceu a utilização deste meio de transporte de forma intensa. A implantação da Fábrica de Tecidos e da Cimento Cauê, nos extremos da área central, favoreceu a cultura no uso da bicicleta e, nas décadas de 70 e 80, Pedro Leopoldo era conhecida como a cidade das bicicletas no Estado de Minas Gerais.  

                                                 Uma visão da cidade de Pedro Leopoldo na década de 50.
                             
  Onde a bicicleta já fazia parte da paisagem da cidade, nas  ruas centrais


O passado e o presente  da mobilidade

É no inicio do século XX. Quando o automóvel surge e começa a ser comercializado. As cidades gradativamente remodelam-se de forma a abrir espaço para a nova promessa de mobilidade que se concretizava com as quatro rodas motorizadas.

Aos poucos, os carros aumentaram em número e tomaram conta do espaço das ruas e, no geral, das próprias cidades. fazendo crescer com eles a infraestrutura das áreas urbanas que desde então se desenvolveram seguindo um modelo carrocentrico, ou seja, um modelo que só visa o bem do carro, ignorando as outras formas de deslocamentos dentro da cidade. 
                                                       E nos transformamos nisto:


O trânsito nas cidades é responsável por tragédias econômicas, ambientais e sociais. O tempo perdido parado no trânsito é uma perda de produtividade e, mais negócios que poderiam estar se desenvolvendo enquanto a maior parte dos trabalhadores está parado na rua.
Os níveis de estresse se elevam tanto que toda essa angústia e raiva se materializa em violência, brigas, acidentes graves e, até mesmo fatais
 O atual planejamento urbano que, por suas deficiências, acaba por priorizar carros, mata (40.000 pessoas ao ano no Brasil e fere  outras 170.000), destruindo a economia e o ambiente.

O Futuro da Mobilidade Urbana

Transformando a mobilidade urbana das nossas cidadessignifica ter alternativas de qualidade para deixar o carro na garagem e ir ao trabalho, escola ou passear, à pé, de bicicleta ou transporte coletivo e chegar ao destino com segurança. Também é  dispor de calçadas e ciclovias decentes e que garantam total acessibilidade a deficientes físicos e visuais, e também à terceira idade.

Mobilidade Urbana trabalha em conjunto com Qualidade de Vida, ou seja, se não temos Mobilidade Urbana, também não temos Qualidade de Vida. O aumento da circulação de veículos individuais, o aumento de acidentes, o aumento de poluição e da degradação ambiental comprometem significativamente a qualidade de vida dos cidadãos.

                                                              Cidades Para as Pessoas

Hoje, com a frota de automóveis existente, e os carros cada vez mais imóveis entre ruas congestionadas e fumaça dos escapamentos, cidades de diversas partes do mundo começam  a enfrentar o problema e a pensar em soluções para promover o desenvolvimento sustentável e priorizar as pessoas.
Atualmente, é desejo de muitos cidadãos que suas cidades sejam sustentáveis, acessíveis, democráticas e humanas. A cidade humana visa o resgate pleno do espaço público urbano pelo homem.
De acordo com a PNMU,-criada pela lei de Mobilidade Urbana 12.587/12, todos os municípios com mais de 20 mil habitantes devem elaborar um Plano específico de mobilidade urbana e, segundo as diretrizes claramente definidas nessa Lei, deve-se priorizar os meios de transporte não motorizados (ativos) neste planejamento
Assim, a prática que alguns países utilizam, de restringir carros em determinados locais da cidade é necessário e é parte da transição para uma cidade com uso de carro reduzido e promoção da bicicleta e do caminhar.
Na mobilidade urbana sustentável, ruas, bairros, ônibus, bicicleta, e caminhar tudo deve estar conectado de alguma forma.
Uma prática europeia de mobilidade urbana é conectar escolas e parques com ciclovias.
 Além dos conhecidos benefícios ambientais, a bicicleta favorece mais a interação social, o lazer e a prática de exercícios, funcionando como um antídoto para o grave problema do sedentarismo.
                                                   Então, é conosco!
Depende de nós, cidadãos, e não das prefeituras, tornar nossa cidade sustentável, saudável e com qualidade de vida.
Existe conhecimento, bons exemplos a serem seguidos, basta apenas que cumpramos nosso dever, nos informando, nos capacitando e cobrando informações e transparência, e exigindo a nossa participação nas decisões que só vão afetar nós mesmos, nossa família e nossas vidas.



sexta-feira, 3 de novembro de 2017

#118 - “O desenvolvimento urbano é resultado das decisões tomadas pelos cidadãos“






As cidades hoje abrigam a maior parte da população mundial, e crescem em um ritmo vertiginoso e pena que de forma desordenada, sem considerar aspectos ambientais e sociais, e ainda estão sofrendo o aumento dos impactos das mudanças climáticas no mundo. Este é um quadro que se mostra próximo da catástrofe.

A cidade sustentável é aquela que minimiza os impactos ambientais e sociais negativos e prioriza a vida do cidadão. Hoje, poucas cidades de países em desenvolvimento como o Brasil, e tampouco os cidadãos, tem consciência da necessidade urgente de reduzir os impactos negativos, e de focar o processo de urbanização para a saúde e bem estar das pessoas. Nossas cidades são, na verdade, insustentáveis. Seu crescimento é agressivo e insalubre, e é inclusive parte da causa de certas doenças nos habitantes.

Sabemos que as doenças tem parte de suas causas na forma como o meio físico ao redor as afeta. Ou seja, os problemas socioambientais urbanos atuais, como poluição, violência, condições precárias de moradia, entre outras, interferem, e muito, na saúde humana.

O que acontece é um processo de urbanização acelerado, desordenado e insalubre e, sem planejamento, que prioriza o crescimento e o lucro e dá menos importância (ou não dá) às pessoas e ao meio ambiente. Então tudo é feito com o objetivo de lucro e crescimento a qualquer custo.
  
Exemplos dessa conduta são:
•Incentivos e facilidades para a compra de mais e mais carros, mesmo com o atual quadro do trânsito nas grandes, médias e pequenas cidades.
•Especulação imobiliária.
•Construção de prédios residenciais, comerciais e estacionamentos ao invés de priorizar áreas verdes ou outros espaços de interesse coletivo. 
•Priorizar o individual ao invés do coletivo.
•Cidades formatadas para carros, que dificultam o trânsito de pedestres e bicicletas, e criam riscos para eles.
•Injustiça social e ambiental

E Quais são os impactos desse modelo de crescimento para os cidadãos?
•Aumento da pobreza urbana,
•Poluição do ar e sonora,
•Violência,
•Falta de descanso, falta de opções e tempo para lazer,
•Problemas de saúde, como stress e suas consequências,
•Doenças respiratórias e outras doenças oriundas dos impactos ambientais,
•Degradação dos recursos naturais e impactos na saúde e bem estar, como desabastecimento de água, poluição de corpos hídricos, desmatamento e suas consequências climáticas, etc,
•Desastres naturais e impactos na saúde e vida humana.

Além de sofrer as consequências deste processo degradante, as pessoas são vítimas de suas próprias ações insustentáveis, tais como: o excesso de utilização do carro e os consequentes congestionamentos, a não preferência pelo etanol por razões estritamente econômicas, a separação falha dos resíduos orgânicos e recicláveis que acontece já em casa, a violência no trânsito, o excesso de ruído, e também a falta de exigência do cumprimento de leis que poderiam priorizar os cidadãos.

Mas porque isso acontece?

As pessoas não querem viver em uma cidade onde tenham bem estar e saúde? E o que é afinal, sustentabilidade urbana?

Sim, as pessoas querem bem estar e saúde. Porém, existem dois grandes problemas a serem superados. O primeiro, é que existem hábitos muito arraigados na cultura brasileira, e em outros países em desenvolvimento.
A cultura da sustentabilidade ainda não está presente na mente dos cidadãos como uma necessidade. Hábitos e comportamentos como o desperdício, o alto padrão de consumo, a discriminação, a segregação social e o individualismo, contribuem para agravar a situação das cidades, pois alimentam e perpetuam comportamentos agressivos às pessoas e ao meio. E dificilmente as pessoas fazem conexões do tipo, esta minha ação vai afetar algo ou alguém? Como?
Por fim, a ausência de planejamento traz toda essa reação em cadeia.

O segundo problema é a falta de disseminação de informação e/ou dificuldades de acesso à informação confiável. A compreensão da situação socioambiental hoje é a chave para o aprendizado de novos conceitos e implementação de novos hábitos e cultura.

Entretanto, há dificuldades na compreensão dessa situação devido aos maus hábitos e a precariedade das informações, e por consequência, há uma resistência para aceitar fatos como a obrigatoriedade de se separar o lixo corretamente, economizar água e energia, ou usar menos o carro. Ou mesmo, há a ignorância desses fatos. Muitas pessoas ignoram a necessidade destes fatos, então como aceitá-los se os mesmos são ignorados por boa parte da população? Aí está  a causa da informação precária à população, principalmente a de menos cultura.

Texto de: Carolina Carvalho. Quem é Carolina Carvalho?
Carolina Carvalho é pesquisadora na área de sustentabilidade e tem a missão de trazer e difundir conceitos de sustentabilidade urbana para interessados no tema, ajudando-os a aprender, se atualizar e a implementar tais conceitos e boas práticas no dia a dia, no trabalho e na cidade onde vivem.
É geóloga de formação, fez mestrado em Sensoriamento Remoto no INPE, com a intenção de aprofundar no estudo desta ferramenta tão importante nas análises de meio ambiente e sustentabilidade

sábado, 16 de setembro de 2017

#117 - Caminhar ou andar de bicicleta preserva a saúde mental.


Os resultados mostram que a escolha de não dirigir e começar a caminhar ou pedalar ajuda a ter uma melhor concentração e diminui a pressão do dia a dia
Nos últimos tempos, as pessoas têm optado pela bicicleta como meio de transporte. Se para alguns já estava claro que essa prática faz um bem para a saúde e é uma alternativa muito melhor para o trânsito, pesquisadores da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, confirmaram.
Segundo o site O Globo, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade concluiu que pessoas que pedalam ou caminham para ir até o trabalho sentem maior bem-estar e preservam a saúde mental.
Os resultados mostram que a escolha de não dirigir e começar a caminhar ou pedalar, ajuda a ter uma melhor concentração e diminui a pressão do dia a dia. Para os estudiosos, quanto mais a pessoa usa carro, pior ela se sente.
Além dessas práticas, o transporte público também aparece como melhor opção para a saúde. Ao contrário do que muitos costumam dizer sobre o uso dos coletivos aqui no Brasil, por exemplo, a pesquisa no Reino Unido revela que nos ônibus é possível aliviar o estresse do trajeto, lendo ou socializando, simplesmente.
Ainda segundo informações do O Globo, o principal autor da pesquisa é o estudioso Adam Martin, que, junto com a sua equipe, analisou dados recolhidos durante 18 anos, com cerca de 18 mil britânicos, com idades entre 18 e 65 anos.
A análise foi focada em aspectos da saúde psicológica, como sentimentos de infelicidade, fracasso diante dos problemas e falta de sono. Outros fatores capazes de afetar o bem-estar, como a renda familiar, os filhos, mudanças de endereço, emprego e relacionamentos, também foram investigados.
Artigo publicado na Revista Bicicleta.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

# 116 -A revolução dos ciclistas invisíveis

Sim, é possível viver a cidade de outra forma que não seja pela ótica do caos no trânsito. E é isso que faremos nesse espaço destinado a uma discussão mais específica sobre o uso da bicicleta na cidade de Pedro Leopoldo.
Em vez de pensar a cidade como um grande estacionamento, iremos tratar de uma outra sensibilidade no espaço urbano: de como a construção e fortalecimento de uma cultura da bicicleta pode transformar cotidianos.  Temos total condição de participar ativamente de projetos e políticas públicas que melhoram a qualidade do nosso ‘ir e vir’ na cidade. E isso depende também de como as práticas culturais e a educação para a mobilidade urbana são produzidas pela sociedade e suas instituições.
A intenção não é incentivar um duelo entre carros e bicicletas, acima disso está a necessidade de mostrar os valores distintos em relação ao uso desses dois modais na cidade, como também os impactos gerados pelo modo como nos comportamos a partir do momento em que saímos de nossas casas e nos deparamos com a cidade e todos os seus problemas.
É equivocado associar a mobilidade urbana ao nível de congestionamento que uma cidade pode apresentar. A mobilidade urbana não é uma experiência exclusiva de um grupo particular – como muitos que usam o transporte individual podem pensar. Se as pessoas têm sofrido com o número de acidentes, poluição ambiental, congestionamentos que tomam muito do nosso tempo, quadros de estresse e cansaço físico, é sinal de que estamos passando por um estado de crise da mobilidade urbana, onde esses efeitos colaterais têm impossibilitado o desenvolvimento de cidades mais justas socialmente.
Pedro Leopoldo tem buscado o mesmo caminho das grandes cidades, ao adotar uma cultura do automóvel que subordina todas as outras formas de deslocamento, colocando sempre a prioridade do pedestre, ciclista e transporte público como secundárias e marginais. Mesmo que as orientações dos planos nacionais e internacionais se posicionem a favor do desestimulo ao transporte motorizado e reforçam a construção de uma nova política que colocam as coisas no seu devido lugar, como a prioridade dos pedestres e o uso do transporte não motorizado – no caso a bicicleta.
O cenário é de uma cidade estacionamento e especialista em destruir as nossas árvores.
Tomar a cidade como se ela fosse uma garagem individual é tão naturalizado quanto deixar o seu carro estacionado em local proibido por alguns minutinhos como se não fosse ‘ferir ninguém’. A cultura do carro faz com que as pessoas negligenciem a sua responsabilidade com o outro, com a cidade, com os problemas da cidade. Toda a percepção é tida por um ângulo de dentro da sua casa móvel, da sua particularidade e do bem tão desejado e adquirido. Isso não significa tomar como direito ultrapassar os limites dos espaços. As ruas não são feitas para os carros! São feitas para que as pessoas façam o bom uso é preciso também que os gestores públicos vejam a cidade com outros olhos, sob a perspectiva da prioridade dos pedestres, ciclistas e do transporte público. Enquanto tivermos gestores ‘carrocratas’ o discurso de cidade sustentável estará muito longe da prática.
Vislumbramos uma cidade onde o espaço do trânsito não seja uma luta desigual e por isso acreditamos no potencial da bicicleta. Não apenas por um direito de usá-la com segurança, mas o que está em jogo é algo muito mais amplo. A bicicleta (re)surge como contraposição a uma cultura que precariza a condição da mobilidade geral. É um veículo que representa tudo o que vai de encontro à cultura do carro: a não poluição ambiental, a liberação do fluxo do trânsito, a celeridade e capacidade de mobilidade no centro urbano. Bicicleta é saúde, é menos barulho, é qualidade de vida, é economia financeira e ainda fortalece a relação indivíduo-cidade. 
Toda a cidade, em sua maioria, é ideal para ela. Basta vontade política, basta criar estratégias para o fortalecimento da cultura de cidade ciclável e caminhável.
Por uma cidade real nos propomos a pensar, analisar, apresentar e atuar junto a um cenário que tem ganhado força nos últimos anos. O efeito pedalada, como diz antropólogo francês Marc Augè, já acontece há tempos. Basta parar por alguns minutos em qualquer ponto da cidade e esperar para contar dezenas, centenas de ciclistas para lá e para cá. Silenciosos, invisíveis, eles seguem o seu percurso diário e muitos ainda nem sabem que já fazem revolução.

domingo, 9 de abril de 2017

#115 Declaração de amor à cidade.

Quando falamos da necessidade de implantar espaços seguros para a bicicleta e colocar o pedestre como referência no planejamento, fazemos uma declaração de amor à cidade. A bicicleta é um vetor de ocupação do espaço que trará as pessoas às ruas, facilitará às novas gerações a descoberta da história da cidade, da geografia, dos rios e da vida urbana como um todo.
Deixar o carro para as verdadeiras necessidades é crucial. Precisamos entender isso e garantir as prioridades já estabelecidas pela lei da mobilidade urbana: prioridade do não motorizado sobre o motorizado; do coletivo sobre o individual.



Pensando isso em termos de nossa cidade de Pedro Leopoldo, inserir as bicicletas nas vias lentas é o caminho natural para criar uma rede de acesso à cidade, integrando aos poucos a bicicleta com o próprio transporte coletivo, com bicicletários nos terminais, com as futuras bicicletas compartilhadas e com as redes cicloviárias dos bairros. Precisamos urgentemente tornar a bicicleta uma opção segura para a população de Pedro Leopoldo. Criar essas estruturas irá induzir o uso de um modal que favorece a autonomia, a saúde e a ocupação cidadã do espaço público; melhora o trânsito e o ar que respiramos; dessa forma, deve ser entendido como política transversal de mobilidade, saúde, segurança e meio ambiente.

O mais importante disso tudo talvez seja a discussão que se coloca sobre a mortandade no trânsito no Brasil. Precisamos reafirmar a discussão sobre morte zero no trânsito e, para que isso não seja apenas uma utopia, precisamos de políticas públicas que acalmem o trânsito nas cidades. A Via Calma é exemplo de ação que fortalece essa discussão. Isso não é apenas sobre bicicletas, é sobre uma nova forma de nos relacionarmos com a cidade.


Devolver a cidade aos seus habitantes é um desafio que trás obrigatoriamente ao debate a readequação dos espaços urbanos e a reavaliação da matriz viária. A conhecida bicicleta recupera seu espaço, sequestrado pela cultura automobilística trazendo  um efetivo aumento da qualidade de vida pessoal e comunitária, além de eficiente meio de locomoção.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

#114 - Uma Nova Cidade




Pedro Leopoldo se encontra ante um grande desafio. A resposta a esse desafio, terá implicações  para o desenvolvimento, para a equidade, para o meio ambiente e para a qualidade de vida da cidade e dos seus cidadãos.
E para enfrentar esse desafio, há somente duas opções elementares:
1-      Não fazer nada
2-      Fazer alguma coisa.
A primeira é que vivemos há décadas.  A segunda tenho certeza, fará parte da nova administração, principalmente pelo que vimos no Plano de Governo.
A lei de Mobilidade Urbana, publicada em 2012, estabelece princípios, sobre o uso da via pública. É muito fácil perceber que seu objetivo é tornar melhor a vida das pessoas nas cidades.
Como?
·         Reduzindo o congestionamento
·         Melhorando a qualidade do transporte público
·         Reduzindo a poluição ambiental e suas doenças decorrentes
·         Reduzindo os acidentes e mortes no trânsito
·         Melhorando a acessibilidade e a mobilidade nas cidades.
  Números do Brasil, que são indicativos do desafio que temos pela frente:
·        70% da via pública no horário de pico, é ocupado por automóveis (CET/SP), enquanto que este modo é responsável por só 30% das viagens (ANTP)
No Brasil, tem-se a impressão que os condutores do automóvel pensam que a compra do mesmo já vem acompanhada de um certificado de uso preferencial da via e, ainda, de um espaço gratuito de garagem na rua. Razão de nossas vias estarem repletas de veículos estacionados, muitas vezes em ambos os lados. Multiplica-se dois metros de largura por km de extensão de asfalto e veja-se a área construída com dinheiro público e disponibilizada como garagem de automóveis.
Assim, é importante compreender a bicicleta como modo de transporte e não apenas como modo de lazer, razão pela qual os espaços a ela destinados têm que estar harmonizados com a cidade.
A ciclovia é um bom exemplo disso, permitindo aos ciclistas acessarem a cidade de maneira mais fácil e segura. A implantação das mesmas, tiram as diretrizes da lei de mobilidade urbana do papel e as colocam na rua.
Vale ressaltar também o efeito pedagógico da medida. As ciclovias que segregam fluxos e estabelece limites físicos, contribuem para condicionar novos comportamentos e podem e atraem novos usuários ao se sentirem mais seguros. 
A histórica falta de disciplina e de respeito às mínimas leis de trânsito pelos usuários da bicicleta, é um traço cultural oriundo do processo de aprendizagem desde a infância.               
Então a existência de espaço definido e sinalizado é também um bom começo para dar mais efetividade a programas de reeducação.
Conscientes dos problemas ambientais e do caos no transporte público e no transito, nós cidadãos de Pedro Leopoldo (aqui representados pelo grupo MUS-PL) percebemos quão necessário são as Ciclovias e as Ciclofaixas, em vários Corredores Viários e Vias Estruturais, da cidade.
Assim, aqui estamos para encorajar o Poder Público Municipal, a implantar e implementar uma política efetiva e permanente de inclusão da bicicleta como um meio de transporte.
 Sendo lei, estamos   prevendo calçadas mais largas e redução do fluxo de carros.
Nos próximos anos, algumas vias de Pedro Leopoldo irão passar por intervenções para desafogar o fluxo de veículos no hipercentro, priorizando segurança e conforto aos pedestres e ciclistas e dando um transporte público de qualidade e eficiente.
Entre as ações estão o alargamento de calçadas, utilizando-se parte dos estacionamentos rotativo e também ciclovias de sentido duplo em uma das faixas de rolagem  na avenida, democratizando a via pública.

Também está previsto a implementação de ruas para pedestres (calçadões).
Essas medidas fazem parte do estudo de requalificação do hipercentro.
As mesmas preveem ainda vias de passagens — ruas sem estacionamentos públicos —
 e vias verdes, que combinam baixa velocidade (30km) com trânsito de pedestres e bicicletas e estacionamentos particulares criados por incentivos de lei específica com a possibilidade de concessão de benefícios.
Para se ter uma cidade amiga das bicicletas e das pessoas, é preciso termos prefeito, vereadores secretários administrativos, comprometidos com mudanças, sem medo de tentar o novo e de contrariar setores acomodados da sociedade.
É importante também que cidadãos participem das audiências públicas e demandem mudanças na cidade, mudanças que beneficiem pessoas, não automóveis ou mercado imobiliário. Como em toda mudança de cultura, haverá forte resistência.  
Não é novidade que alterações são difíceis, em especial quando a cultura já estabeleceu pretensos direitos. Mas seguir em frente é necessário, por se tratarem de ações alinhadas com a PNMU (política nacional de mobilidade urbana) e, que, por isso, devem ser implantadas.
Sim, é com ajuda de novos conceitos que iremos construir "UMA NOVA CIDADE".

E paralelo a estas mudanças, que tal irmos também até as escolas, ensinando aos futuros dirigentes deste país o conceito de Mobilidade Urbana Sustentável, o conceito do Novo Urbanismo. E como se comportar quando pedestre, quando ciclistae quando motorista.

E vamos agir para que possamos deixar algo novo e bom para nossos filhos, netos e bisnetos.

“Não tenha medo da vida, tenha medo de não vive-la. Não há céu sem tempestades nem caminhos sem acidentes. Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo. Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la. Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência. Seja um sonhador mas una seus sonhos com disciplina. Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas. Seja um debatedor de ideias. Lute pelo que você ama”- Antony Cury

Paulo Pereira Netto

domingo, 29 de janeiro de 2017

#113 - Entrevista com Paulo Pereira Netto.




Fale-nos um pouco de você?

Não sou natural de Pedro Leopoldo. Mas assim me considero, pois a primeira vez que aqui estive foi em meados de 1966, quando fui contratado pela Cia. Industrial para trabalhar na Fábrica de Tecidos Cachoeira Grande.

Em princípios de 1968 saí de Pedro Leopoldo. Voltando para cá em fevereiro de 1975, para trabalhar novamente na Fábrica Cachoeira Grande, onde permaneci até 1992, quando infelizmente a mesma veio a falir.

Trabalhei mais um ano na indústria têxtil, vindo a seguir me aposentar. Parti então para novos desafios, lecionando inglês no Free Way por 8 anos e depois ingressei no Hotel Tupyguá onde trabalhei por 10 anos.

Em meados de 2012, assumi definitivamente a minha condição de aposentado,  passei a me dedicar ao estudo da Mobilidade Urbana Sustentável, tendo como objetivo pessoal,  mostrar aos cidadãos e gestores pedroleopoldense o erro que estamos cometendo com a nossa cidade em transformá-la em uma cidade rodoviarista.


As ciclovias e o micro  ônibus sendo implementados em Pedro Leopoldo estarão contribuindo de alguma forma para fazer com que as pessoas adotem o estilo de vida desmotorizado na cidade?
Certamente, sim. 
E o que  constatamos é que a implantação de ciclovias estimulará mais gente a usar a bicicleta na cidade. De 334 pessoas entrevistadas, em enquete por mim realizada, 69% disseram que usariam mais a bicicleta e menos o carro.  
Além disso, esse uso se tornará mais frequente e maior com o tempo, pois as ciclovias segregadas farão as pessoas se sentirem mais seguras e mais confortáveis andando de bicicleta em Pedro Leopoldo.
No caso dos micro ônibus confortáveis, isso também fica claro, pois nem todos gostam ou podem andar de bicicleta.

Quais são as características de uma cidade mais humana e inclusiva? E como, urbanistas, planejadores e incorporadores podem projetar e desenvolver ruas que estimulam a caminhada e o uso da bicicleta?

Há muitos exemplos ao redor do mundo, onde mais ruas que se recriam para pedestres e ciclistas. Entre muitos fatores e elementos que elas possuem em comum, o mais importante é o gerenciamento da velocidade dos veículos. Quando a velocidade dos carros excede os 36 quilômetros por hora, a qualidade humana nas ruas começa a perder; o barulho aumenta, tornando as conversas mais difíceis; além do perigo que cresce de forma exponencial, tirando as pessoas do espaço público. Uma vez que as pessoas passam a evitar a rua.  Você perde um ciclo virtuoso de pessoas atraindo pessoas e, eventualmente, entende que a perda dessa experiência destruirá um bairro e até uma cidade inteira.

É possível viver sem o carro?

Vou citar o exemplo do jogador de futebol, ídolo do São Paulo, Raí, (entre muitos outros que temos) que não anda de carro. Morou muitos anos em Paris e em Londres e por lá ele não tinha carro. Quando voltou fez um experimento para ver se conseguiria viver aqui do mesmo jeito. Raí descobriu que essa escolha era maravilhosa, que ele não precisava sofrer atrás de uma vaga quando saía, se preocupar se o carro seria roubado, se poderia beber ou não... Ele descobriu que a vida é muito mais livre assim. Hoje ele faz tudo de bicicleta, inclusive visitar a netinha e diz que largou o carro em prol da felicidade pessoal.

Pessoalmente, quando você se deu conta que ruas mais atrativas para caminhar eram determinantes para a qualidade de vida nas cidades? Por meio de quais ações podemos fazer as pessoas entenderem isso da mesma maneira?

No meu caso, foram nas minhas viagens à Alemanha onde tive  essas  experiências reveladoras. Antes de caminhar por aquelas   ruas pela primeira vez , eu pensava que ruas eram apenas para os automóveis, pois só conhecia ruas assim aqui no Brasil. Mas as ruas das cidades Alemãs, restringem os carros ao mesmo tempo que permitem ônibus, táxis e, claro, bicicletas. O resultado foi uma revelação: a rua era mais calma, segura e movimentada em um ritmo mais humano. Ao caminhar ou andar de bicicleta por essa rua, você está constantemente fazendo contato visual com outros, vendo rostos, vitrines de lojas e fachadas em uma velocidade em que realmente pode absorver o momento, sentindo-se seguro e respeitado no seu espaço. É uma experiência sútil, mas profunda, que te enriquece em um nível fundamental. Nós somos criaturas sociais por natureza e precisamos andar e interagir com outras pessoas, mesmo que sejam “estranhos”. Todos deveriam poder experimentar algo assim na vida e se dar conta de como as ruas podem ser e o que se perde quando se cede espaço demais para os carros. A melhor maneira de propagar essa ideia é mostrando esse fenômeno.


Na sua opinião, o que é mais promissor em termos de transporte e mobilidade para  áreas metropolitanas que se expandirão ou venham a surgir?
Até 2030, espera-se, que a maioria das cidades terão  reduzido para  30 km/h os limites de velocidade de suas ruas. Os benefícios disso para a segurança e a economia estão se tornando cada vez mais evidentes, e o impacto no tempo de  viagens  é desprezível em cidades pequenas iguais à nossa. Também de maneira significativa veremos a era das “ruas completas”, que fornecem espaço e prioridade para pedestres, usuários de transporte público e ciclistas junto aos motoristas. Veremos ruas com vias exclusivas para carros como coisas do passado e vamos nos perguntar como pudemos planejar e construir ruas sem faixas também para outras alternativas e amplo espaço público para pedestres. A razão para isso acontecer é bem simples: as pessoas passarão a votar pensando assim e a se mudar para ruas, bairros e cidades que reduzem os riscos trazidos pelos carros  e abrem espaços para as pessoas.  Cidades que não fizerem isso, vão ficar para trás e assim estarão falhando em atrair talentos e investimentos.

É possível mudar a paixão pelo carro em PL?

A paixão da cidade de Pedro Leopoldo por carros é uma paixão nova(em torno de +-20 anos e devido a isto acredito ser possível sim mudar essa paixão. Mas ainda assim o desafio é grande. 

Na teoria, sete entre dez pedroleopoldenses aprovam a ideia de trocar o carro pela bicicleta. Mas na prática, nem todos estão dispostos, apesar de Pedro Leopoldo ser uma cidade tradicionalmente de cultura ciclista e o relevo das vias urbanas facilitar a vida delas.
Mudar a dependência do carro em Pedro Leopoldo vai ser difícil, mas não impossível.
Há mais ou menos 25 anos atrás, Pedro Leopoldo e Governador Valadares eram as cidades mineiras mais amigas da bicicleta. De lá para cá sem percebermos, cada ano menos bicicletas e mais carros nas vias...
Hoje, o excesso de carros e seus incômodos faz muita gente começar a pensar em utilizar mais a bicicleta novamente.
Basta para isto uma ajudinha da administração da cidade em prol da bicicleta e teremos o título da cidade das bicicletas de volta.

Se isso não acontecer, o que podemos esperar em matéria de qualidade do ar e mobilidade na cidade?
Acredito não ser necessário responder a essa pergunta, pois todos já sabem a resposta, não é mesmo?


domingo, 22 de janeiro de 2017

# 112 - O Invisível Respeito à Bicicleta nas ruas


 Pedalando pela cidade é possível perceber, cada vez mais, que embora nós tenhamos muito a evoluir como sociedade ainda, as pessoas se respeitam mais do que a gente pensa. Na maioria das vezes, nós, ciclistas, acabamos nos apegando a uma ou duas buzinadas que recebemos de motoristas impacientes. No entanto, muitas vezes não lembramos das centenas de veículos que cruzam nossos caminhos de forma respeitosa, ultrapassando a bicicleta com distância segura, reduzindo a velocidade, ou pacientemente seguindo-nos até a próxima oportunidade de nos ultrapassar.

É natural que as buzinas e os xingamentos sejam frustrantes, visto que a agressividade sempre é mais marcante do que o respeito. Mas diariamente, observando a vida urbana, sentimos que o respeito está vencendo essa batalha. De lavada!

Desafogando a cidade


A importância da bicicleta nos deslocamentos urbanos vem crescendo exponencialmente. Segundo dados da ANTP, entre 2003 e 2013 a ciclomobilidade no Brasil cresceu mais de 50%. Grande parte desse aumento ocorre porque diversos agentes envolvidos nos processos urbanos tem abraçado a causa, tais como: associações locais, grupos de ciclismo, universidades e até mesmo órgãos públicos.

Outro fator importante é a própria mobilidade das cidades, principalmente brasileiras, cujas capacidades viárias estão praticamente esgotadas, fazendo com que carros e transporte público fiquem cada vez mais tempos parados no trânsito, aumentando muito a conveniência do transporte de bicicleta.

Essa ascensão da bicicleta também possui um papel importantíssimo no aumento do respeito ao ciclista, afinal, quem não possui um amigo que se transporta na magrela? Esse respeito existe sim, e já faz parte do nosso subconsciente.

O respeito à bicicleta precisa ser visível

Perguntando aos amigos o porque deles não pedalarem, as respostas mais frequentes são relacionadas ao medo dos automóveis e à falta de infraestrutura. Acontece que os riscos advindos do pedal na maioria das vezes são superestimados.
É prudente e natural do ser humano ter aversão ao risco. E os motoristas, que concentram seus deslocamentos em vias expressas e arteriais, não enxergam o respeito ao ciclista, mesmo que eles próprios o respeitem. Parece contraditório, e é. No fim das contas, ciclistas acham que não são respeitados, e motoristas não enxergam o próprio respeito.
Para tornar visível esse respeito ao ciclista é necessário, também, criar infraestrutura exclusiva para a ciclomobilidade, tornando-a literalmente visível para toda a cidade. Alguns fatores como a  velocidade das vias, a escala das ruas e o tamanho dos carros, fazem com que o próprio ciclista se torne invisível para os motoristas, minimizando todo o respeito que ele recebe quando se desloca pela cidade. Implementadas estrategicamente junto com ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, são políticas públicas voltadas para sinalização, educação e fiscalização do trânsito que vão ter esse papel. O trânsito está mais humanizado, temos apenas que trazer isso para a consciência social.
Mas não esqueça de fazer a sua parte. Discuta com amigos, familiares, e principalmente com o prefeito e vereadores. 
Finalmente, é importante dar continuidade aos trabalhos de conscientização. Precisamos trazer atenção para comportamentos seguros e defensivos no trânsito, evoluir muito no que diz respeito à democratização do acesso a cidade e aumentar o respeito entre os diferentes modais de trânsito. Mas são pequenas ações que ajudarão a fortalecer o respeito dentro da cidade.Independente do seu meio de transporte, sorria para a cidade, quando você se lembrar. Na maioria das vezes, verá que ela sorrirá de volta para você.