quarta-feira, 27 de agosto de 2014

# 71 RUA É LUGAR DE GENTE!


Rua Duque de Caxias - Foto - Cecília Sá PereiraDisponibilizar mais espaço para as pessoas e menos para o carro faz parte de uma nova concepção de cidade sustentável, que vem revolucionando cidades em todo o mundo. Ruas que antes eram entupidas por carros e se transformaram em espaços de convivência com mais qualidade de vida para as pessoas.
Foi assim em Nova York e Portland, nos Estados Unidos; Madri, na Espanha; Munique e Erlangen, na Alemanha,  entre outros. Mas temos exemplos também no Brasil. Curitiba no Paraná desde a década de 1970, na área portuária do Rio de Janeiro, o antigo viaduto da perimetral foi destruído para dar lugar à urbanização do espaço com o projeto Porto Maravilha e uma área antes degradada promete levar as pessoas de volta às ruas. São Paulo também já dispõe de uma proposta semelhante com o projeto Casa Paulista.

 O fato é que todos esses exemplos revelam o antes e o depois e remetem a mudanças difíceis de se imaginar para quem só enxerga carro na frente. Além disso, há uma pergunta inevitável: para onde foram todos eles?  A verdade é que as cidades que se voltam para as pessoas têm seus caminhos renovados e outras formas de deslocamentos se tornam possíveis.

Em Pedro Leopoldo, a sugestão e a necessidade é transformar parte da Comendador Antonio Alves em calçadões, privilegiando os pedestres e ciclistas, transformando estes espaços em espaços de permanência e não só de passagem. Com isto muitos dos atuais semáforos poderão ser retirados, melhorando o fluxo dos automóveis.


Espaços contemplados com árvores, calçadões, ciclovias, praças ou cafés podem ter distâncias percorridas sem muito esforço e o carro dificilmente fará falta. No lugar dele, transportes coletivos compatíveis com o lugar, que se adapta perfeitamente às vias urbanas. Já está na hora de olhar a cidade  com mudanças no seu cotidiano de forma permanente.



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

#70 - A MOBILIDADE POR BICICLETA NÃO SE RESTRINGE SOMENTE ÀS VIAS.

Artigo modificado do original, publicado em 23\03 – Revista Bicicleta – Roberto Furtado.
Quem utiliza a bicicleta no cotidiano, certamente terá uma grande identificação com este tema. Já tem algum tempo que a bicicleta ganha atenção com veículo de deslocamento urbano em muitos estados do Brasil e no exterior. Aqui no país do improviso e do caos no trânsito, novas políticas deveriam surgir para que a mobilidade urbana por bicicleta fosse visivelmente crescente. Uma cidade cuja mobilidade possui qualidade e eficiência traz frutos positivos para a sociedade. Mais bicicletas nas ruas, com a devida segurança em foco, haveria menos engarrafamentos, com um sistema de transporte coletivo menos saturado em horário de pico, e outros tantos de uma conduta geral mais coerente. Esta melhoria envolve todas as classes sociais, então, percebe-se a importância da bicicleta como proposta de mobilidade para a sociedade.
Para que   a bicicleta seja uma opção a mais para o trânsito, será preciso que duas questões andem combinadas de forma satisfatória. É preciso que as vias comportem os ciclistas de forma segura, seja pela educação dos condutores e pedestres ou por espaços adequados para a finalidade ciclística.
A mobilidade não se restringe às vias! Muitas vezes o ciclista dispões do interesse em utilizar a bicicleta como veículo, mas chegando ao destino encontra outro problema. Onde estacionar a bicicleta? Possuir um local adequado para acomodar a magrela e ir ao encontro do real objetivo parece ser outro grande desafio do ciclista. A solução é bem mais simples que a própria mobilidade, no entanto, este é um assunto completamente esquecido. Rara são as empresas e instituições, públicas ou privadas, que oferecem algum tipo de estacionamento para a bicicleta. Os bicicletários, quando existem, em sua maioria são ineficientes ou inseguros.
É preciso criar alternativas viáveis para uso da bicicleta. Estas alternativas geram facilidades na mobilidade urbana de ciclistas, que por sua vez resultam em outros benefícios que se estendem à toda sociedade. As opções de locação de bicicletas com pontos distribuídos por toda cidade, bicicletários de qualidade e ciclovias seguras, formam uma “trama” que viabiliza o uso deste veículo.
Algumas empresas compreendem o valor de um estacionamento seguro. Um estacionamento de bicicletas, com direito a segurança, coberto para evitar que a bicicleta fique exposta ao clima enquanto aguarda o retorno do seu usuário.
Precisamos destacar que a bicicleta simboliza uma sociedade sadia, pois se traduz em um carro a menos no estacionamento de determinado ambiente! A bicicleta representa estacionamentos menores, menos lotados! Representa ruas de fluxo mais livre, representa um cidadão com mais saúde, um ar menos poluído e também menos ruído.
Para que a magrela seja cada vez mais viável nas ruas de uma cidade que cresce como a nossa, será preciso abrir os braços para ela. Receber a bicicleta em sua empresa, em seu local de trabalho, e na sua vida, será gratificante para si e os demais. Enquanto você realiza a tarefa necessária, seja de trabalho ou compras para o lar ou estudar ou comparecer a uma consulta marcada com seu médico, a bicicleta deverá estar segura em algum estacionamento específico. Fechar as portas para o veículo através da inexistência de bicicletário de qualidade terá resultados desfavoráveis à mobilidade do ciclista. E sem hipocrisia, um ciclista na rua representa um carro a menos ou um passageiro a menos no transporte coletivo. O benefício é para a sociedade e não somente para o indivíduo que aposta no veículo do carbono zero.
Este papel de alimentar a mobilidade urbana com conceitos saudáveis é feito por cada um de nós. Nós, ciclistas, motociclistas, condutores de automóveis, passageiros de coletivos, dentre outros, podemos de alguma forma viabilizar o crescimento de ciclistas porque ao fim, todos nós ganharemos.

A socialização da bicicleta é representada por vias receptivas e bons bicicletários. Enquanto formos resistentes a isto a bicicleta ficará intimidada. A oportunidade de contaminar uns aos outros, com a ideia que favorece a todos, continuará “engavetada” como proposta que jamais se concretiza. Sejamos sensatos, precisamos dela, tanto quanto um menino precisa para ser feliz. Esse pensamento é uma garantia de um futuro promissor, com rodas raiadas, bicicletários lotados e ruas quase vazias de automóveis.