segunda-feira, 23 de junho de 2014

# 66 - OUVINDO AS PESSOAS - UMA SOLUÇÃO DA MOBILIDADE URBANA DE PEDRO LEOPOLDO.

Paulo  Pereira tem 69 anos, tem uma companheira inseparável: a bicicleta. Ele trabalha com ela,  e faz outras tarefas, como ir ao supermercado, ao banco, à padaria, ao verdureiro e também (como  exercício aeróbico) até as proximidades de Sto. Antonio da Barra.
O problema é que Paulo precisa disputar espaço com carros, ônibus, caminhões e motos quando pedala pela cidade.
Nos últimos dez anos a frota de Pedro Leopoldo cresceu mais de 108%, pulou de 12.775 para 26.597 veículos.
A situação seria diferente se  elaborado e posto em prática um planejamento de mobilidade urbana, pois não teríamos tantos veículos motorizados circulando pela cidade, e sim  mais bicicletas. 
Hoje são apenas duas ciclovias, com pouco mais de 7 quilômetros e totalmente abandonadas e intransitáveis que ligam o bairro Dr.Lund ao bairro Sta Rita e o bairro Lagoa de Sto Antonio ao centro da cidade.
‘Ando com medo’
Henrique , de 28 anos, utiliza a bicicleta diariamente. “Quando arrumo algum emprego temporário, é de bicicleta que eu vou. Mas eu ando com medo, por causa dos carros, caminhões e ônibus”, revela.

O pedreiro Alexandre  Figueiredo, de 46 anos, cruza o bairro Sto Antonio da Barra todos os dias para buscar os filhos no bairro Fazenda Modelo.
“Toda semana escapo de uma batida. É preciso ficar esperto. Uso bastante a bicicleta, mas se tivéssemos ciclovias eu usaria muito mais”, fala.
Os amigos Antonio Leonel,de 29 anos, e José  da Silva de 27, vão a todos os lugares de bicicleta. Eles são prestadores de serviços gerais e no dia da conversa conosco a dupla estava indo ao banco. “É perigoso, mas é econômico e prático”, resume Leonel.
Especialista defende os ‘três eixos’
O professor  Leomar, da Escola de Engenharia da UFMG, defende que as cidades precisam se apoiar em três eixos para evitar um colapso do trânsito. “As formas de locomoção que precisam ser priorizadas são a pé, por bicicleta e via transporte coletivo”, diz o professor.
“Ocorre que no Brasil, as coisas chegam com 40 anos de atraso. As  cidades precisam priorizar esse tripé, com investimentos em calçadas, faixas exclusivas para ciclistas e  ônibus de melhor qualidade”, explicou.
O professor também elogia a iniciativa de lançar um projeto para a construção de novas ciclovias em Pedro Leopoldo e a melhoria dos passeios públicos para incentivar a caminhada.
“Não vi detalhes ainda da proposta, mas é muito importante incentivar já que na região central da cidade, não existem  declividades ”, finaliza o professor.
O projeto para a construção de ciclofaixas e ciclovias em Pedro Leopoldo levou em conta, principalmente, o relevo da cidade e a cultura ciclável do povo.  Por isso, segundo o autor, se tornou mais fácil a execução.
Para a implantação das ciclovias e da melhoria das calçadas,  a sugestão do autor é que se utilize parte da verba  do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade Urbana para o empreendimento.
“As ciclovias e as calçadas, custariam menos de 10% da verba do PAC e traria benefício para toda a cidade. A bicicleta traz benefícios para a saúde, não polui e diminui os congestionamentos”, diz o professor.
Junto com as ciclovias viria também a revitalização das principais avenidas da cidade, e de várias calçadas,  dando condições de mobilidade aos pedestres.


Obrigado Senhor, por mais esse.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

# 65- COMO TRATAR BEM SEUS PEDESTRES E MELHORAR A MOBILIDADE URBANA DA SUA CIDADE.


 Nas cidades europeias, os governantes já começam a considerar a mobilidade urbana partindo de um novo enfoque e buscando mais comodidade para o pedestre: passeios largos, sombreamento, bancos, pisos mais lisos e adequados para cadeirantes, carrinhos de bebê, patinetes, skates e patins.
Valorizam-se também o transporte coletivo e outros modos de transportes alternativos, suaves e não poluentes. O transporte individual motorizado é desestimulado com a redução de vagas para carros na parte central das cidades, ampliação de estacionamentos na periferia, restrição de velocidade nas áreas centrais e pistas com menos faixas para proporcionar a ampliação de passeios.
Toldos colocados nas ruas
Esse novo enfoque, denominado mobilidade urbana sustentável, pressupõe que o cidadão disponha de acessibilidade e deslocamentos com segurança, conforto, no menor tempo e com custos acessíveis. Além disso, significa buscar eficiência energética e impactos ambientais reduzidos.
Uma coisa impressionante, é a preocupação em dar conforto ao morador. Nas áreas centrais,  muita arborização, formando um cordão espaçoso de zonas sombreadas para a circulação de pedestres e ciclistas – e passeios largos.
Em todo lugar,  uma praça arborizada. Nos locais onde não existem árvores,  colocar toldos em lona semitransparente, dispostos de um lado ao outro da rua, para reduzir, consideravelmente, a luminosidade e o calor do sol.  Além disso, pode-se usar espelhos d’água, fontes, bebedouros e micro pulverizadores de água, para aumentar a umidade do ar e diminuir o calor escaldante.

O Plano de Mobilidade Urbana que sugiro para a nossa cidade é algo semelhante guardadas as devidas proporções entre as cidades Europeias e a nossa pequena mas simpática Pedro Leopoldo.

As zonas de pedestres terão muito movimento e vigor. Haverá muita gente nas ruas.(aumentando-se a segurança nas mesmas). Encontrar-se-ão muitos idosos, cadeirantes e famílias com crianças utilizando patinetes, patins ou skates. Muitos jovens pedalando em suas bicicletas.
Uma política que para dar certo terá o fomento ao uso da bicicleta, que se tornará um eixo da transformação do sistema de mobilidade na cidade mineira. Os governantes, deverão  além de inserir um transporte alternativo na cidade (bicicletas para aluguel), implantar 9 km de ciclovias e reformular 08 km de ciclovias existentes e abandonadas e as demais vias locais na cidade deverão serão devidamente sinalizadas para se tornarem vias compartilhadas com as bicicletas.


Serão removidas perto de 1 mil vagas de estacionamento de veículos e retirada uma das faixas do sistema viário-(com uso de vias com mão única, ao invés de dupla)- para ampliação dos passeios.
Essa infraestrutura está presente nas principais vias e deverá ser definida uma política de coexistência na via pública, com a restrição de veículos e a redução da velocidade deles, além de campanhas educativas. Os esforços para tornar a bicicleta uma alternativa de transporte sustentável e viável serão uma realidade em Pedro Leopoldo, que já integrou a bicicleta a sua paisagem urbana, e deseja obter um dos primeiros lugares no ranking das 20 cidades nacionais mais amigas da bicicleta.


Também há propostas que consideram o conforto e a segurança dos pedestres e, meios de transportes não poluentes. E, da mesma forma, há uma valorização do espaço público, o comércio de rua e as praças, buscando reduzir distâncias e obstáculos para o fluxo dos pedestres.





Haverá ainda a melhoria da pavimentação dos passeios,  instalação de mobiliário urbano para pedestres (bancos, sombreamento e arborização) e investimento em transporte  público de qualidade, na tentativa de reduzir o número de veículos individuais motorizados na cidade.


A implementação de políticas de mobilidade urbana, baseada em novos paradigmas, pressupõe a aplicação de novos conceitos, instrumentos e técnicas, mas acima de tudo é imperativo conquistar a sociedade para uma nova postura, novos hábitos e mudança no padrão comportamental. Exige conscientização e adesão coletiva às propostas.
Quando será que poderemos pensar em uma Pedro Leopoldo mais amigável para sua população e visitantes?

Fonte: Gardênia Oliveira David de Azevedo, a quem agradecemos pela consultoria.








segunda-feira, 9 de junho de 2014

# 64 - UMA CIDADE DEMOCRÁTICA E HUMANA.TAREFA PARA AS ADMINISTRAÇÕES DE PEDRO LEOPOLDO.



Imagem gentilmente cedida pelo IDBIKE.ORG
A Citação é de Higor de Oliveira Guerra- Eng. Civil.- obrigado Higor pela consultoria. 
Restante do texto, de minha autoria.
"Atualmente, é desejo de muitos cidadãos que suas cidades sejam sustentáveis, acessíveis, democráticas e humanas.O aspecto sustentável se refere ao desenvolvimento urbano considerando impactos socioambientais, no qual são observados os recursos naturais disponíveis e respeitando as necessidades das gerações futuras.
A cidade humana visa o resgate pleno do espaço público urbano pelo homem. No âmbito da Política Nacional de Mobilidade Urbana também é possível extrair elementos que permitam essa volta da posse das cidades aos cidadãos, principalmente quando confere "prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados” (Lei Lei 12.587/12, art. 6º, II) e no objetivo de "reduzir as desigualdades e promover a inclusão social” (Lei 12.587/12, art. 7º, I)."
O plano de mobilidade urbana sustentável que sugiro para as devidas apreciações, se for adotado na atual administração, tem uma previsão de implantação, para  mais de 8 anos de execução, cabendo  nesse caso também  às próximas administrações boa parte da execução do mesmo. E para que  não haja perda de tempo na implantação  pois sabemos ser de caráter urgente, devido ao grande desenvolvimento que o setor norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte está apresentando, a atual e as futuras administrações municipal necessitam firmar um acordo onde qualquer um que vença as próximas eleições, dará continuidade  ao plano, demonstrando com isto uma evolução sem precedentes na política municipal.  
Uma das principais ações a ser implementada é a transformação de parte da Comendador Antonio Alves em zona de pedestre, humanizando e democratizando  a principal via da cidade de Pedro Leopoldo
Foto para ilustração

Foto para ilustração











  
Administração da cidade de Pedro Leopoldo. Deverá Criar o Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana Sustentável.
Cidadãos  integrarão o Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade de Pedro Leopoldo como representantes da sociedade. 
O Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade de Pedro Leopoldo tem a proposta de reunir instituições públicas, privada, e da sociedade civil numa permanente discussão sobre a mobilidade urbana sustentável da cidade.
Com caráter consultivo, o Conselho terá como finalidade orientar, emitir e promover sugestões para o desenvolvimento do transporte coletivo, da infraestrutura de modais não motorizados, da infraestrutura para o pedestre e de políticas para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida no âmbito do município.
O Conselho será presidido por membro indicado pelo prefeito e composto por representantes de órgãos públicos e da comunidade com vínculo e interesse no desenvolvimento do transporte e mobilidade sustentável no Município de Pedro Leopoldo. Os membros do Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade de Pedro Leopoldo não devem ser remunerados e o mandato deverá ser de dois anos. 
Serão atribuições do Conselho: estudar, identificar e propor normas e procedimentos de curto, médio e longo prazo visando o aperfeiçoamento dos serviços de transporte; colaborar em campanhas educacionais relativas a problemas de transporte e a políticas para o transporte não motorizado, para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; emitir parecer a respeito da Política Municipal de Transporte e Políticas para as Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida; elaborar e aprovar seu regimento interno; convocar ordinariamente a cada dois anos ou extraordinariamente, por maioria absoluta de seus membros, a Conferência Municipal de Transporte e propor diretrizes de aperfeiçoamento do sistema. 


Obrigado Senhor por mais este. 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

# 63 - PEDALA, PREFEITO!


Para que os administradores públicos compreendam as dificuldades e os riscos de se pedalar na cidade e sensibilizem-se para a criação de políticas ciclo-inclusivas, precisamos colocá-los em cima das bicicletas.
Quisera pudéssemos contar com uma lei para isso. O Projeto de Lei do Senado PLS nº 480/2007, de autoria do Senador Cristovam Buarque, estabelece que "Os agentes públicos eleitos para os poderes executivo e legislativo federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal são obrigados a matricular seus filhos e demais dependentes em escolas públicas de educação básica (até o ensino médio)". Não deveria esta ideia ser aplicada também à saúde e ao transporte públicos? E uma emenda que estendesse tal obrigação a, pelos menos, todos os cargos de primeiro escalão - do governo federal, do governo estadual e da prefeitura - não faria dessa lei, na hipótese remota da aprovação do projeto, uma peça revolucionária?
Bem, se esperarmos por uma lei, os administradores das nossas cidades nunca vão pisar na avenida... Então, se quisermos que um Prefeito e seus Secretários de Transportes e de Planejamento Urbano cumpram o percurso casa-trabalho contando apenas com suas próprias forças motoras, precisamos, mais que convidá-los, desafiá-los!
É preciso esclarecer-lhes que não serve fazer um passeio de um quilômetro, em uma rua livre de carros, com escolta policial, sobre uma bicicleta sofisticada, emprestada por um empresário do ramo num feriado com reluzente céu azul. Para conhecer a mobilidade ciclística, o prefeito precisa praticar a realidade do trânsito em situações normais.
O prefeito tem que ir sozinho, em dias de semana, com mochila nas costas ou no bagageiro, pelas cruas ruas da cidade. Ao chegar ao gabinete, tem que procurar um poste para cadear sua bicicleta e ficar espionando da janela, de vez em quando, pra ver se ela ainda está lá... 
No percurso, ele aprenderá bastante sobre as necessidades dos trabalhadores e aposentados, das donas de casa e dos estudantes que se locomovem por pedais. Grande fluxo de motorizados, bueiros abertos, ausência de sinalização, cruzamentos que parecem ratoeiras e semáforos sem tempo para não-motorizados são algumas situações que demonstram que seus subalternos não pensaram nos ciclistas ao projetar o sistema viário.
As vias públicas tornaram-se, por atos e omissões dos gestores públicos, território prioritário dos veículos motorizados. Por isso, somada à péssima infraestrutura viária, o comportamento dos motoristas no trânsito faz, do simples ato de pedalar, quase uma missão heroica. O descuido, o desrespeito e mesmo a hostilidade dos motoristas demonstram que o componente educacional também não está entre as prioridades dos gestores da mobilidade urbana. Portanto, o chefe do executivo poderá, na sua interação, sentir o vento arrepiante da alta velocidade dos ônibus que passam coladinhos, o temor de que uma porta de carro se abra a qualquer momento, o susto quando um carro cortar a sua frente ao entrar numa esquina ou ao sair de uma garagem e o sufoco da fumaça e da poeira - entre outras sensações que reprimem o desejo, de muitas pessoas, de pedalar e de contribuir para aliviar o caos insuportável do trânsito.
Muitos gestores públicos são apáticos com os problemas urbanos simplesmente porque não utilizam serviços públicos. Eles possuem noções abstratas, recolhidas através de relatos e das reclamações, mas não vivenciam a cidade real. Para demonstrar confiança na estrutura oferecida para se viver e produzir em uma cidade, eles deveriam dar o exemplo e utilizá-la. Uma vez que eles, espontaneamente, não vão fazê-lo, cabe à sociedade incitá-los - e, para isso, meios não faltam: carta oficial protocolada, abaixo-assinado, bombardeio de mensagens ao "Fale conosco" da prefeitura, campanha em blogs, releases para a imprensa, etc.
Desta forma, eles compreenderão que os maiores problemas para usar a bicicleta não derivam do clima, do relevo ou da inaptidão física do usuário, mas das políticas públicas por eles capitaneadas. Compreenderão também a qualidade dos cidadãos que, por opção ou necessidade, adotam a bicicleta como uma companheira no cotidiano desafio de ir e vir. E então, sr. prefeito, vai encarar?

Fonte: Revista Bicicleta
Autor: André Geraldo Soares