segunda-feira, 10 de março de 2014

51-Compartilhamento de rua e acalmamento de trânsito para Pedro Leopoldo.

Compartilhamento de rua e acalmamento de trânsito: duas ideias essenciais para

                                                        Pedro Leopoldo

Falta de sinalização nas vias compartilhadas

Ciclista pedala com tensão entre carros

A velocidade que salva vidas humanas
 








 Os próprios ciclistas garantem: um dos principais problemas de Pedro Leopoldo não é exatamente a ausência de ciclovias e ciclofaixas, uma rede cicloviária articulada ou uma infra-estrutura cicloviária, mas também  a velocidade dos carros é um inconveniente do mesmo patamar para quem usa a bicicleta como veículo de transporte. Muita gente que regularmente se aventura pela cidade por duas rodas sabe do que falamos.
O Código Brasileiro de Trânsito (CTB) define a bicicleta como veículo. Mas circulando pelas ruas de Pedro Leopoldo verifica-se um vão entre o CTB e a realidade. Em vias como a rua Comendador Antonio Alves ainda não contemplada com ciclovia/ciclofaixa, é flagrante a violação à velocidade máxima – ali, de 40 Km/h. O mais leve toque no guidão pode engrossar a lista das vítimas do trânsito.
É por isso que o CTB resguarda a vida e não o fluxo de trânsito. Os artigos 201 e 220 são belos exemplos. O primeiro é do famoso 1,5m de distância: “Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta” é infração média, sujeita à multa. O segundo diz que “Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito” é infração grave, sujeita à multa.
Como a bicicleta é veículo para o CTB, ela também tem normas a respeitar. Não pode andar na calçada, tem o direito e o dever de andar na via e a circulação deve se fazer pelo lado direito. Mas como proceder em vias de tráfego intenso? 
Outro exemplo de desrespeito à velocidade estipulada para a via por parte dos condutores de veículos acontece sempre na Av. Romulo Joviano (que liga Sto.Antonio da Barra ao centro).
Daí as cenas que cada vez mais vemos em Pedro Leopoldo: ciclistas andando na "Pista de Cooper", destinada aos praticantes de caminhada. Questão de segurança, claro.
Como as vias de Pedro Leopoldo são estreitas em sua grande maioria, é arriscado trafegar na borda das pistas. Imagine uma boca de lobo, um desequilíbrio qualquer, o deslocamento de ar produzido pelos carros ou uma ultrapassagem mal efetuada? 
Há ideias que ajudam a contornar esses problemas. Mas infelizmente ainda não utilizadas pelas autoridades do trânsito em nossa cidade.
Exemplo :Ciclorrotas  que não são ciclovias nem ciclofaixas, mas vias segregadas para ciclistas. São itinerários seguros para o deslocamento via bike onde não haja pistas específicas para o modal. Como a infra-estrutura cicloviária de Pedro Leopoldo ainda inexiste, com carros e ciclistas muitas vezes dividindo o mesmo espaço, uma ciclorrota confere mais segurança à viagem do ciclista.
Listo aqui alguns critérios para o traçado das ciclorrotas, como baixa velocidade dos carros, vias com menor fluxo de carros, segurança e bastante sinalizações tanto vertical como horizontal para estas vias.
Boca de lobo -um dos itens segurança- de uma ciclorrota
A justificativa das ciclorrotas, no projeto traz subentendida a ideia de compartilhamento de rua, ainda inexistente em Pedro Leopoldo. A ideia engloba todos os agentes que utilizam o espaço urbano - pedestres, bicicletas e veículos motorizados. Mas hoje a relação mais embaraçada se dá entre carros e ciclistas.
Mesmo com pontos do CTB orientando o compartilhamento, muitos motoristas ainda estranham a presença de bicicletas nas vias.
E como as ciclorrotas se associam ao compartilhamento de rua? É que as ciclorrotas são trechos sinalizados, horizontal e verticalmente e com velocidade máxima de 30kmph. Por isso a implantação de ciclorrotas pode ser vista como medida de estímulo ao compartilhamento de vias.

Sinalização horizontal  vias compartilhadas
Sinalização horizontal vias compartilhadas
O interessante nisso tudo é que Pedro Leopoldo é uma cidade maravilhosamente ciclável. Cidade pequena, a topografia plana, ruas arborizadas e com a  cultura da bicicleta.
Só que, não apenas na via principal mas  também dentro de alguns bairros  a pressão dos veículos motorizados é cada vez maior. 
Entre outras medidas, a implantação de ciclorrotas  estimula outra noção que aliviaria a pressão sobre os usuários de veículos não-motorizados, a ideia de acalmamento de trânsito (do inglês traffing calming).
O acalmamento de trânsito é tendência mundial. Pode ser entendido como um conjunto de estratégias para abrandar os efeitos negativos do trânsito e, por conseguinte, criar um ambiente seguro e agradável para todos. Isso tem a ver com pessoas conduzindo seus respectivos veículos de maneira mais lenta, sem violar as características locais.
Sinalização vertical via compartilhada
Sinalização vertical via compartilhada

Despida do ar hostil que envolve o carro, a bicicleta está sendo utilizada em cidades do mundo inteiro para implantar o acalmamento de via.

Como sustentar uma restrição de velocidade dentro de um bairro?
Por decreto, seria indelicado. Aí se usa a figura simpática das bikes para justificar a restrição de velocidade. O bairro será todo sinalizado, ali ciclistas circulam o tempo todo. Com alguns afáveis bairros, Pedro Leopoldo é uma cidade ideal para se aplicar esse conjunto de ideias que promovem o respeito mútuo entre pedestres, carros e bicicletas.

A CIÊNCIA  DOS 30KMPH

Se você pudesse salvar a vida de uma pessoa, você diminuiria a velocidade?
Claro que você faria.
Convencer o seu vizinho pode ser mais complicado. Felizmente, a ciência está do nosso lado.
Por que 30 kmph? Porque a ciência diz que 30 kmph  é a diferença entre a vida e a morte.
Quando pedestres e ciclistas são atingidos por motoristas. Há um fator que decide se  uma pessoa sobrevive  àquele acidente : a velocidade.

Veja como convencer o seu vizinho que 40 quilômetros por hora, não é seguro o suficiente: se atingido por um motorista à 40kmph, uma pessoa tem nove vezes mais probabilidade de ser morto do que se tivesse sido atingido á 30kmph.

Se um idoso ou uma criança é atingida por um motorista  à 40kmph, eles estão 17 vezes mais propensos a morrer do que se tivesse sido atingido à 30kmph.
Por suposição  condutores  atropelaram  e matarão cerca de 40 ciclistas e pedestres. Se o limite de velocidade  fosse de 30 quilômetros por hora, 36 dessas vidas poderiam ser salvas.
A ciência por trás da capacidade de 30kmph para salvar vidas é simples: a velocidade de um carro ou caminhão aumenta exponencialmente, e assim também  a distância necessária para parar o carro ou  caminhão , e assim  também é a força da batida quando o carro ou caminhão atinge um ser humano .

 Diga a seus vizinhos.


Grato Senhor por mais este importante post.
Fontes: Transportation Alternatives de Nova York.
           SeculoDiário.com, publicado na revista bicicleta, adaptado por mim às condições da cidade de Pedro Leopoldo.

Um comentário:

Unknown disse...

Quer evitar acidentes em vias urbanas? Ande devagar. É a única forma de prevenir