quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

#96 - Pessoas, Cidade, Bicicleta -

Há muito a comemorar, historicamente, pois enquanto fenômeno social global o movimento pela bicicleta tem alcançado proporções inimagináveis e em uma velocidade vertiginosa, graças, em parte, às mídias sociais. Mais ainda, o caráter de humanização do cotidiano, das cidades e das relações, por conta da experiência única proporcionada sobre a bicicleta, surpreende até aos mais experientes. Nada tem mais compatibilidade com a mobilidade humana do que a bicicleta. E na mobilidade humana, nada consegue transformar mais seu usuário em uma pessoa melhor do que a bicicleta.

foto arquivo pessoal : Paulo P. Netto

A escolha das pessoas pela bicicleta é uma ação plena de sabedoria, porém, passa, muito especialmente, pela prática, pela experiência. Não existe teoria sem prática.
Quando se pensa em mobilidade por bicicleta, afeta-se substancialmente pessoas, tanto as que pedalam quanto as que ainda não. Sabe, é um caso daqueles que Vandré tão bem decantou: “...quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”
Ainda que se trate de um veículo, a priori, individual, a vida em bicicleta é a experiência de sociabilidade e coletividade do século XXI.
De todos os veículos que se elevaram à categoria de meios de transporte, a bicicleta é a que está mais perto da dimensão do pedestre, seja pela posição de pedalar, seja pela velocidade empregada e pelo volume de espaço ocupado.
A combinação (pessoas, cidade, bicicleta), vai muito mais além dos benefícios individuais aos ciclistas (melhor saúde, aumento da estima, bem-estar em alta, diminuição da ociosidade, integração social, economia). Alcança proporções globais quando se tem em mente a “pegada de carbono”, principalmente pela diminuição da dependência de combustíveis fósseis.
Falando-se em sustentabilidade, não se pode esquecer que a chave para ela, em realidade, é a humanização do desenvolvimento humano. Uma invenção tão fantástica quanto a bicicleta promove uma das mais democráticas formas de humanizar: os deslocamentos, a produção cultural, a integração social, a qualificação econômica, etc.
Temos visto e lido por diferentes e credenciadas fontes e canais que cidades que estão zoneando e restringindo seu centro urbano para veículos a propulsão humana e pedestres estão ganhando em qualidade de vida acumulada, em benefícios à saúde dos usuários a pequeno e médio prazo, conseguindo aumentar a consumação nos espaços comerciais promovida pela alta rotatividade de clientes.
O modelo vigente de consumo baseado no automóvel, no individualismo exacerbado e na acumulação de direitos de uns sobre os dos demais, garante a insustentabilidade do próprio modelo, seu colapso e a imobilidade posta nas cidades de qualquer tamanho. Já a escolha pela bicicleta garante, de imediato, a crescente onda de bem-estar que possibilita as transformações sociais almejadas e tão bem-vindas.
Que segredo era este, tão bem guardado em nossas infâncias, que soube esperar o momento mais oportuno para emergir no presente enquanto resposta mais do que suficiente para as atuais e futuras problemáticas socioculturais, socioeconômicas e socioambientais?
Que artefato, objeto, ferramenta, veículo, enfim, poderia ser mais promissor para a mobilidade?
Se a sua resposta, ao fim, assim como a minha, for a bicicleta, fechamos esta leitura de acordo e com um sorriso consciente de quem pedala!
Fonte: Revista Bicicleta por Therbio Felipe M. Cezar, adaptado por Paulo P. Netto

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